Há uma pergunta importante para refletirmos: Por quê será que algumas crianças esperam tanto pelas atividades das Colônias de Férias e algumas vezes até dizem não quererem voltar à escola e continuar indo para a Colônia pelo resto do ano?
Respostas como “férias são férias, toda criança ama”, “que criança não quer ficar brincando o tempo todo?”, “não ter hora para cumprir e participar de atividades recreativas é o que toda criança quer” vêm à tona facilmente. Mas gostaria que aprofundássemos um pouco mais nossa reflexão!
Então vamos lá….
A variedade de opções oferecidas pelas Colônias de Férias em sua programação é gigantesca! Vocês já devem ter percebido, não é mesmo? Muitas vezes surpreendem e facilmente “fisgam” o interesse da criançada (e até mesmo dos pais).
Os principais objetivos das Colônias de modo geral são a recreação, o diversão, o entretenimento. No entanto temos visto o crescimento de iniciativas que buscam um viés educativo para suas atividades. Temáticas e propostas que instigam a curiosidade e colocam as crianças em investigação, resgate do contato com a natureza através de experiências práticas, transformação de materiais recicláveis, noções de tecnologia e programação, vivências práticas que envolvem noções de física como andar de bicicleta, soltar pipa, atirar aviões de papel, prática de experimentos químicos através da culinária, experiências com sensibilidade artística envolvendo trabalhos manuais, desafios corporais e motores e muitas outras.
Agora vamos pensar… por trás de cada uma dessas propostas não é possível visualizar princípios educativos importantes, tais como experimentar, investigar, levantar hipóteses, experienciar, praticar, os quais são meios pelos quais as crianças aprendem, e aprendem muito?
É visível o quanto as crianças têm interesse em participar de atividades dessa natureza que promovem tanto crescimento e ensinam tanto. E que têm como base princípios educativos essenciais para o desenvolvimento cognitivo e afetivo em relação ao processo de aprender.
Mas e a escola, instituição responsável pelo processo de aprendizagem formalizado, não teria como base esses princípios educativos também (além de muitos outros)?
E por que na prática há uma distância tão grande entre o aprender, o brincar, o divertir-se em alguns espaços escolares?
E aí quando se fala para as crianças em volta às aulas, vem logo um grande desânimo, pois na Colônia estava tão divertido e tantas coisas foram aprendidas! Por quê na escola não se pode ter um “pouquinho” disso também?
O que será que estamos deixando de enxergar e aprender quando vemos as crianças se divertindo e aprendendo no período de férias, e quando em aula demonstram-se desinteressadas, com pouca autonomia para aprender, reclamando a falta do brincar e divertindo-se pouco?
Está aqui um ponta-pé para pensarmos e repensarmos o processo de aprender! Que possamos enxergar além e vislumbrarmos uma educação que promova aprendizagens significativas, divirta, instigue a pensar, possibilite o pensar “fora da caixa” e acima de tudo, torne o aprendiz dono do seu saber através de sua própria curiosidade e desejos de descobrir o mundo.